Nos últimos meses a rotulagem de produtos contendo transgênicos foi alvo de intensa atividade legislativa e/ou judiciária tanto no Brasil como nos EUA. Lá, o congresso americano aprovou uma lei padronizando os rótulos. Houve muita gritaria por parte dos grupos anti-transgênicos. Eu, particularmente, acho a padronização bem vinda já que ela impede o lobby de grupos anti-transgênicos nas câmaras legislativas estaduais e assim o consumidor tem uma informação mais confiável e menos enviezada do ponto de vista ideológico. Aqui no Brasil, a Câmara aprovou em Abril projeto de lei que acaba com a exigência do rótulo em produtos contendo transgênicos mantendo a obrigatoriedade para os produtos que apresentarem presença de transgênicos “superior a 1% de sua composição final”. Menos de um mês depois, o STF garantiu a rotulagem em produtos contendo qualquer quantidade de transgênicos.
Eu não vejo a necessidade do rótulo já que é consenso na comunidade científica que transgênicos não causam mal à saúde humana. Já discuti esse assunto no blog em algumas oportunidades. Entendo, no entanto, que esse é um assunto sensível para boa parte da população. Assim, não vejo problema na existência dos rótulos, embora ache que os mesmos deveriam ser mais informativos deixando explícito que os trangênicos não fazem mal à saúde humana.
A questão principal refere-se à ignorância de boa parte da população quanto aos princípios que governam a ciência. Nesse sentido o debate dos trangênicos lembra o debate sobre a pílula do câncer, a fosfoetanolamina. Ambos são dominados por posições ideológicas e/ou emotivas. Os cientistas continuam a demonstrar a sua incapacidade de convencer os leigos sobre temas que a ciência já tem respostas.
03/nov/2016